Colchoeiros sabem que ESG é um caminho sem volta
O Anuário de Colchões conversou com a especialista em ESG Débora Irie para entender como os colchoeiros estão se comportando em relação às práticas ESG

Já faz um bom tempo que mostramos como as práticas ESG (Environmental, Social and Governance) vem se fortalecendo mundialmente entre as indústrias de colchões, mostrando que os empresários estão mais conscientes de que sustentabilidade e desenvolvimento social caminham juntos para o sucesso das indústrias em um planeta que, cada vez mais, vem sofrendo com as crises climáticas. Aqui no Brasil, felizmente, o setor colchoeiro já percebeu que esse é um caminho sem volta e está implementando cada vez mais ações em prol do ESG e do cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas). Inclusive é o primeiro nicho da cadeia a ter sua própria política ESG, desenvolvida pela Associação Brasileira da Indústria de Colchões (Abicol), em 2023.
Para avaliar esse cenário de desenvolvimento de práticas ESG, conversamos com a especialista no assunto Débora Irie, que também é mentora do curso “Trilha de Aprendizado ESG: Um caminho sem volta”, desenvolvido por meio de uma parceria entre o Instituto Impulso e a Abicol. “Nos meus trabalhos de auditoria, o setor tem me surpreendido de forma muito positiva, tenho encontrado líderes visionários comprometidos com a efetivação e melhoria contínua das práticas ESG”, destaca, acrescentando também o papel da Abicol na mobilização em torno das temáticas ESG, ODS e do Pacto Global. “Isso, certamente, contribui para a elevação do nível de conscientização desses líderes”.
Para ela, esse nível pode ser analisado com base na implementação das práticas de ESG seguindo parâmetros da Norma ABNT 2030, no que diz respeito ao nível de maturidade ESG de uma indústria onde diz que esses níveis refletem o grau de integração das questões ambientais, sociais e de governança em suas estratégias, processos e decisões de investimentos. “Ele varia desde um estágio inicial, onde as práticas são pontuais e reativas, até um estágio avançado, onde a sustentabilidade está profundamente enraizada na cultura organizacional, possui uma estratégia ESG robusta, com acompanhamento de indicadores e metas ambiciosas”, explica. Em seguida, ela dá seu veredito: “Dito isso, eu considero intermediário o nível de conscientização do setor, mas avançando a passos largos”.
Principais práticas ESG da indústria nacional

Como especialista e certificadora, Débora Irie conheceu de perto algumas fábricas de colchões e nos ajudou a elencar as principais práticas ESG vistas nas indústrias colchoeiras do Brasil. “São várias ações sendo colocadas em prática, o que mostra que o setor colchoeiro é realmente diferenciado em relação a outros setores da indústria. No eixo ambiental destaco a ecoeficiência no tratamento e reutilização da água, o investimento na transição para energias renováveis como a solar, a pesquisa e busca incessante na inovação e criação de linhas de produto ecofriendly. Visitei indústria em que eu vi sendo utilizada a tecnologia solventless, que refere-se a processos industriais que dispensam o uso de solventes químicos”, revela.
Ela também relata o que viu de ações no eixo social. “O investimento em pessoas é expressivo, os líderes já compreenderam que é gerando valor para todos os envolvidos no negócio que as melhores empresas prosperam. Além dos benefícios gerenciados pela área de recursos humanos, destaco investimentos em EPIs de qualidade, automatização que, além de aumentar a produtividade, oferece mais ergonomia e bem-estar aos colaboradores. Iniciativas como a criação de comitê de ergonomia, ginástica laboral, refeitórios e laboratório médico na planta da indústria merecem o nosso respeito e admiração”.
“A organização da cadeia de suprimentos merece destaque, o setor colchoeiro é bastante criterioso com seus fornecedores.”
Por fim, a especialista em ESG pontua as ações de governança que viu nas empresas do setor. “A organização da cadeia de suprimentos merece destaque, o setor colchoeiro é bastante criterioso com seus fornecedores, exigindo certificados que demonstrem a rastreabilidade e cumprimento com as normas e legislações ambientais”, afirma.
Evolução do pensamento ESG
Segundo Débora Irie, alguns anos atrás muitas empresas enxergavam a sustentabilidade como uma atividade secundária ou apenas como uma forma de cumprir requisitos legais. “No entanto, a crescente conscientização sobre os impactos socioambientais, a pressão de investidores, consumidores e reguladores, além dos benefícios tangíveis que essas práticas podem trazer, têm transformado essa percepção. Percebo que o ESG está começando a ser visto como estratégia para mitigar riscos que ameacem a perenidade do negócio e para gerar oportunidades de inovação e expansão econômica”, reflete.
Ela acredita que há uma tendência de integrar ESG aos planos estratégicos das empresas, com a definição de metas e indicadores de desempenho específicos. “A adoção dessas práticas está sendo percebida como uma oportunidade para inovar e desenvolver novos produtos e serviços, além de fortalecer a posição competitiva no mercado. Essa percepção é impulsionada por diversos fatores como a demanda por produtos e serviços sustentáveis por parte dos consumidores, a exigência de transparência por parte dos investidores e a crescente regulamentação ambiental e social”, explica.
Inclusive, Débora Irie lembra que a indústria de colchões tem um papel fundamental na conscientização do consumidor sobre a importância de escolher produtos mais sustentáveis. “Para isso, diversas estratégias podem ser adotadas como, por exemplo, utilizar etiquetas que detalhem os materiais utilizados na fabricação do colchão, suas origens e processos de produção; informar sobre a porcentagem de materiais reciclados, orgânicos ou biodegradáveis; obter certificações que atestem as práticas sustentáveis da empresa e divulgar para o mercado suas certificações”.
A especialista ainda fala que as empresas podem usar suas mídias sociais para contar histórias e cases de sucesso que demonstrem o impacto positivo das práticas sustentáveis da companhia, como a redução do consumo de água, a utilização de energia renovável e a diminuição da geração de resíduos. “Também podem ser organizados workshops de interação com o consumidor para apresentar os processos e produtos sustentáveis, além de criar um programa institucional com o objetivo de promover a educação voltada para o consumo consciente, assim como já acontece com a educação voltada para os benefícios do sono”, acrescenta.
Instituto Impulso oferece Certificação ESG
O Impulso – Instituto Pró-Desenvolvimento Econômico e Social do Setor Moveleiro oferece Certificação ESG com auditoria da especialista Débora Irie. “Ao obter essa certificação, as empresas demonstram um compromisso com práticas sustentáveis e responsáveis, o que traz diversos benefícios”, garante a especialista, que os enumera a seguir:
- Benefício reputacional.
- Posicionamento e diferenciação no mercado.
- Fortalecimento da percepção da marca como uma marca ética e sustentável.
- Atendimento a clientes da rede de hotelaria que solicitam relatórios auditados que atendam os objetivos de desenvolvimento sustentável.
- Atendimento a parceiros exportadores que solicitam relatórios de sustentabilidade.
- Aumento da confiança dos clientes e parceiros.
- Atração de talentos diferenciados que buscam trabalhar em empresas com valores sustentáveis.
- Fortalecimento do relacionamento com a sociedade.
“O diferencial dessa certificação está na auditoria presencial e nos relatórios entregues com orientações de melhoria voltado para potencializar a inteligência de negócio nos resultados da empresa”, finaliza.
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Como implementar práticas ESG na sua empresa?
Se sua empresa ainda não pratica ações ESG, pode aproveitar as dicas de Débora para começar. Segundo ela, o primeiro passo é engajar a alta gestão e liderança e promover capacitação. Depois disso, é preciso identificar a materialidade ESG que mais impacta os negócios e stakeholders. A Norma ABNT 2030 recomenda a contratação de auditoria externa que prevê a imparcialidade para implementar de forma eficaz uma política institucional ESG estruturada. É importante manter o monitoramento para reduzir os impactos ambientais, como o consumo de água e energia, a geração de resíduos e as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, criar uma ambiência da cultura de sustentabilidade e continuar investindo em treinamento e desenvolvimento humano. E por fim, divulgar as informações do relatório de sustentabilidade sobre seu desempenho em ESG de forma ética e responsável.